Quando as primeiras

Bombas caíram

Bagdad ainda dormia (…)


Vêm agora

Empoleirados em camiões.

O único contacto

Com a terra

É quando saltam

Para a pisar. (…)


Não é nenhum apaixonante

Drama histórico,

É parte da história do roubo

Que sustenta o Ocidente.(…)

Marthiya de Abdel Hamid segundo Alberto Pimenta


Marthya de Abdel Hamid boicotado por livreiros




Na apresentação da 1ªedição de Autobiographie Mutuelle em Dezembro do ano passado, soubemos pela voz de Alberto Pimenta que o seu livro Marthiya de Abdel Hamid (&etc, 2005) tinha sido boicotado por alguns livreiros. As razões que motivaram essa decisão, concertada por parte de alguns livreiros e distribuidores, nunca vieram à superfície. Valha a verdade que se esses motivos tivessem vindo a público só ajudariam a depravar ainda mais a face censória e o exotismo miserável do espírito que, de tempos a tempos, louvam outros tempos, outras censuras, o mesmo cheiro a imbecilidade.

Reproduzimos um excerto de uma entrevista do editor da &etc, Vitor Silva Tavares, publicada no jornal brasileiro K Jornal de Crítica e que versa a questão do boicote:

“ É um livro maldito. A maior parte dos livreiros não o quis devido ao tema, embora não se trate de uma poesia panfletária. Não há no livro nenhuma retórica demagógica sobre a questão do Iraque. Trata-se de um tema terrível tratado por um poeta de maneira poética. Aquela paca imperialista não está apenas a cometer o genocídio, está a esmagar uma cultura que fazia parte do patrimônio da humanidade. Isto deve ter sido percebido pelas centrais de compras de algumas organizações livreiras. Tenho indicação direta disto e a transmiti ao Alberto Pimenta. Houve, sim senhor, boicote a esse livro. Mas esse é um dos papéis de intervenção de uma editora cultural através da poesia. (…)”

Continuaremos a "boicotar" os livros do Rodrigues Guedes de Carvalho. E os nossos leitores saberão sempre porquê.

Os Vadios, 11 de Março de 2009, Porto